Cirugía Plástica Ibero-Latinoamericana
versión On-line ISSN 1989-2055 versión impresa ISSN 0376-7892
Cir. plást. iberolatinoam. vol.46 supl.1 Madrid abr. 2020 Epub 22-Jun-2020
https://scielo.isciii.es/pdf/cpil/v46s1/1989-2055-cpil-46-s1-0091.pdf
Quemados
Índices de predição de mortalidade na unidade de queimados. Estudo comparativo
Mortality prediction models in the burn unit. Comparative study
Íris Brito*, Carla Bandrão*, Miguel Vaz**, Fernanda Sanches**, Luís Cabral***
*Médica Interna de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética. Unidade de Queimados, Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados,
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal.
**Especialista de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética. Unidade de Queimados, Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados,
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal.
***Especialista de Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética, Coordenador Clínico da Unidade de Queimados.
Unidade de Queimados, Serviço de Cirurgia Plástica e Queimados, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal.
Resumo
Introdução e objectivo
Os índices de prognóstico em queimados determinam a mortalidade previsível da população, que permanece uma importante medida de avaliação dos cuidados prestados.
O estudo visa comparar diferentes índices de predição de mortalidade numa unidade de queimados (UQ) e identificar potenciais aplicabilidades.
Material e métodos
Estudo retrospetivo dos doentes internados na UQ entre 2016 e 2018 (n=409). Avaliação da mortalidade e comparação das especificidades entre sobreviventes e falecidos, através de dados demográficos e clínicos na admissão. Avaliação de quatro índices (Abbreviated BurnSeverity Index (ABSI), modelo de Ryan , Belgian Outcome in Burn Injury (BOBI) e revised-Baux) na determinação da mortalidade prevista versus observada, e análise da discriminação e ajuste dos modelos (curvas ROC e area under the curve, AUC; testes de Hosmer-Lemeshow).
Resultados
A média de idades dos doentes foi de 59.1 anos, sendo 56.5% homens, com superfície corporal queimada total (SCQT) média de 12%, queimaduras de terceiro grau presentes em 67% e lesão inalatória em 11.5%. A mortalidade global observada foi de 6.4% (n=26). Os doentes falecidos eram significativamente mais velhos (71.7 vs. 58.3 anos; p<0.001), apresentavam maior SCQT (23.2 vs. 11.2%; p<0.001) e mais queimaduras de terceiro grau (92.3 vs. 65.3%; p=0.005), sem diferenças significativas no género ou lesão inalatória. Os índices de mortalidade apresentaram ajuste e discriminação adequados. Todos os índices evidenciaram valores-p >0.05 no teste de Hosmer-Lemeshow. O revised- Baux e o ABSI apresentaram um bom poder de discriminação (AUC 0.84 ± 0.04 e 0.81 ± 0.04, respectivamente), o BOBI moderado/bom (0.79 ± 0.04) e o Ryan moderado (0.73 ± 0.05).
Conclusões
Os quatro índices de mortalidade revelaram um desempenho preditivo adequado, com o revised-Baux apresentando a melhor precisão na previsão da mortalidade. A sua utilização nas UQ constitui uma ferramenta preciosa na estratificação do risco, controlo da qualidade dos cuidados, comparação de novas estratégias terapêuticas e investigação científica.
Palavras-chave: Unidade de Queimados; Queimaduras; Mortalidade; Prognóstico